O Martelo das Bruxas , malleus maleficarum - completo 535 pagina , em portugués.pdf.pdf

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O Martelo das Feiticeiras
HEINRICH KRAMER
e JAMES SPRENGER
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Orelhas do livro
Orelha esquerda:
O Martelo das Feiticeiras (Malleus Maleficarum) é um dos livros
mais importantes da cultura ocidental, tanto para os leitores que se
interessam pela história quanto para aqueles que estudam a história do
pensamento e das leis. Documento fundamental do pensamento
pré-cartesiano, bem como um dos mais importantes depositórios das leis
que vigoravam no Estado teocrático, revela as articulações concretas
entre sexualidade e poder, e por isso é uma peça única para todos
aqueles que estudam a profundidade da psique humana e o funcionamento
das sociedades.
Durante quatro séculos este livro foi o manual oficial da
Inquisição para a caça as bruxas. Levou à tortura e à morte mais de 100
mil mulheres sob o pretexto, entre outros, de "copularem" com o demônio.
Esse genocídio foi perpetrado na época em que formavam as sociedades
modernas européias. Uma das conseqüências apontadas pelos especialistas,
foi tornar dóceis e submissos os corpos das mulheres posteriormente.
O papa Inocêncio VIII nomeou dois dominicanos, os inquisidores
Heinrich Kramer e James Sprenger, para julgar feiticeiras na Alemanha.
Este último, deão da Universidade da Colônia, publicaria dali a dois
anos, em 1484, com Kramer, prior de Salzburgo, a mais importante obra
sobre
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Orelha direita:
demonologia da história, o temível Malleus Maleficarum ("O Martelo das
Bruxas"), fonte de inspiração para todos os tratados posteriores,
baseados em obras precedentes, entre as quais Fornicarius de Johannes
Nider, de 1435. Essa obra de Kramer Sprenger atingiu 19 edições e foi
aprovada pelo corpo docente da Universidade de Colônia. Dividia-se em
três partes:
A primeira discursava os juízes, ensinando-lhes a reconjhecer as
bruxas em seus múltiplos disfarces e atitudes. A segunda expunha todos
os tipos maléficos, classificando-os. A terceira regrava as formalidades
para agir "legalmente" contra as bruxas, demonstrando como inquirí-las e
condená-las. Ela tinha como princípio o preceito bíblico que diz: à
feiticeira não deixarás viver (Ex 22,18). A abertura da obra,
focalizando as três condições necessárias para bruxaria, nos diz: "se
crer em bruxas é tão essencial a fé católica que sustentar
obstinadamente opinião contrária há de ter vivo sabor de heresia."
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O MARTELO DAS FEITICEIRAS
MALLEUS MALEFICARUM
Introdução histórica: ROSE MARIE MURARO
Prefácio: CARLOS BYINGTON
Tradução de
PAULO FRÓES
17ª EDIÇÃO
EDITORA ROSA DOS TEMPOS
Rio de Janeiro
2004
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
Insitoris, Heinrich, 1430-1505
147tn
O martelo das feiticeiras/ Heinrich Kramer e James Sprenger
;
17 ed.
Introdução histórica, Rose Marie Muraro; prefácio, Carlos
Byington; tradução de Paulo Fróes. - 17ª ed. - Rio de Janeiro:
Record:
Rosa dos Tempos, 2004.
Tradução de: Malleus maleficarum
Inclui bibliografia
ISBN 85-85-36308-8
1.
Inquisição - Obras anteriores a 1800.2. Feitiçaria- Obras
anteriores a 1800.3. Demonologia - Obras anteriores a 1800.4.
Processos (Feitiçaria) - Obras anteriores a 1800. 1. Sprenger,
Jakob, 1436 ou 8-1495. 11. Título.
CDD - 272.2
95-0147
CID -272
Título original
MALLEUS MALEFICARUM
Copidesque: Clara Recht Diament
Revisão:
Rosani Santos, Rosa Moreira, Renata Neto
e Fabiano Antonio Coutinho de Lacerda
Capa; Eduardo Barreto
Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa para o Brasil
adquiridos pela EDITORA ROSA DOS TEMPOS Um selo da DISTRIB
UIDORA RECORD
DE SERVIÇOS DE IMPRENSA S.A. que se reserva a propriedade literária
desta tradução
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DISTRIBUIDORA RECORD DE SERVIÇOS DE IMPRENSA S.A.
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EDITORA AFILIADA
Breve Introdução Histórica
RosE MARIE MURARa
Para compreendermos a importância do Malleus é preciso
termos uma visão ao menos mínima da história da mulher no interior da
história humana em geral.
Segundo a maioria dos antropólogos, o ser humano habita este
planeta há mais de dois milhões de anos. Mais de três quartos deste
tempo a nossa espécie passou nas culturas de coleta e caça aos
pequenos animais. Nessas sociedades não havia necessidade de força fisica
para a sobrevivência, e nelas as mulheres possuíam um lugar central.
Em nosso tempo ainda existem remanescentes dessas culturas, tais
como os grupos mahoris (Indonésia), pigmeus e bosquímanos (África
Central). Estes são os grupos mais primitivos que existem e ainda
sobrevivem da coleta dos frutos da terra e da pequena caça ou pesca.
Nesses grupos, a mulher ainda é considerada um ser sagrado, porque
pode dar a vida e, portanto, ajudar a fertilidade da terra e dos
animais. Nesses grupos, o principio masculino e o feminino governam o
mundo juntos. Havia divisão de trabalho entre os sexos, mas não
havia desigualdade. A vida corria mansa e paradisiaca.
Nas sociedades de caça aos grandes animais, que sucedem a essas
mais primitivas, em que a força física é essencial, é que se inicia a
supremacia masculina. Mas nem nas sociedades de coleta nem nas de
caça se conhecia função masculina na procriação. Também nas sociedades
de caça a mulher era considerada um ser sagrado, que possuia o
privilégio dado pelos deuses de reproduzir a espécie. Os homens se sentiam
marginalizados nesse processo e invejavam as mulheres. Essa
primitiva "invejado útero" dos homens é a antepassada da moderna "inveja
do pênis" que sentem as mulheres nas culturas patriarcais mais recentes.
A inveja do útero dava origem a dois ritos universalmente
encontrados nas sociedades de caça pelos antropólogos e observados em par
tes
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opostas do mundo, como Brasil e Oceania. O primeiro é o fenômeno
da couvade, em que a mulher começa a trabalhar dois dias depois de
parir e o homem fica de resguardo com o recém-nascido, recebendo
visitas e presentes... O segundo é a iniciação dos homens. Na
adolescência, a mulher tem sinais exteriores que marcam o limiar da sua
entrada no mundo adulto. A menstruação a torna apta à maternidade
e representa um novo patamar em sua vida. Mas os adolescentes
homens não possuem esse sinal tão óbvio. Por isso, na puberdade eles
são arrancados pelos homens às suas mães, para serem iniciados na
"casa dos homens". Em quase todas essas iniciações, o ritual é
semelhante: é a imitação cerimonial do parto com objetos de madeira e
instrumentos musicais. E nenhuma mulher ou criança pode se aproximar
da casa dos homens, sob pena de morte. Desse dia em diante o homem
pode "parir" ritualmente e, portanto, tomar seu lugar na cadeia das
gerações...
Ao contrário da mulher, que possuía o "poder biológico", o
homem foi desenvolvendo o "poder cultural" à medida que a tecnologia
foi avançando. Enquanto as sociedades eram de coleta, as mulheres
mantinham uma espécie de poder, mas diferente das culturas
patriarcais. Essas culturas primitivas tinham de ser cooperativas, para poder
sobreviver em condições hostis, e portanto não havia coerção ou
centralização, mas rodízio de lideranças, e as relações entre homens e
mulheres eram mais fluidas do que viriam a ser nas futuras sociedades
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